O LEVA AS PESSOAS AS RUAS ?
(Foto: Equipe do VD.)
As ruas de Salvador, que pulsam com o ritmo vibrante de sua cultura, também abrigam milhares de histórias silenciadas, onde a dor e a dependência se entrelaçam. Nos becos e nas calçadas, em meio ao vai e vem dos carros e à pressa das pessoas, uma realidade cruel se impõe: cerca de 90% das pessoas em situação de rua enfrentam a dependência química, uma batalha que, muitas vezes, passa despercebida pela sociedade.
(Foto: Gabrielly Marqueton.)
(Foto: Gabrielly Marqueton.)
LUIZ ANTONIO
No entanto, as ruas não definem os destinos. Há quem busque uma saída, como Luiz Antônio de 44 anos, que viveu as profundezas do vício e hoje tenta reescrever sua história. Luiz está em processo de reabilitação na Cristolândia, um centro que se dedica a resgatar vidas, oferecendo mais do que um abrigo – um caminho para a reconstrução.
Para entender o drama de Luiz, é preciso olhar além das estatísticas. No Brasil, cerca de 300 mil pessoas vivem em situação de rua, e a Bahia não está imune a esse número crescente. A capital, Salvador, registra um aumento de 30% no número de pessoas em situação de rua na última década, com muitos chegando a esse ponto devido à combinação de violência doméstica, abuso de substâncias e a precariedade das políticas públicas de acolhimento.
O retrato do acolhido em centros como a Cristolândia é de um jovem adulto, geralmente do sexo masculino, em busca de recuperação. No entanto, a cada dia, mais mulheres e crianças cruzam as portas desses centros, buscando uma chance de se reerguer. A Cristolândia, com seu trabalho de reabilitação, tem acolhido aproximadamente 4.500 pessoas por ano, das quais cerca de 30% conseguem completar o programa de reabilitação e reintegração social.
Esses números são, de certo modo, um reflexo da resistência daqueles que, como Luiz, enfrentam as ruas e o vício com uma única pergunta: “Ainda há esperança para mim?” Luiz Antônio, antes preso as drogas, que o levava a dormir nas ruas e a perder tudo o que um dia teve, encontrou na Cristolândia não apenas alimento e abrigo, mas um espaço para reconstruir sua identidade.
“Aqui é uma maravilha, me sinto em acolhido, muito bem tratado todos me respeitam. Então quem não conhece, venha conchecer esse projeto porque é um projeto divino, é de Deus!,” conta ele. Mas, para cada Luiz, existem centenas que não conseguem romper o ciclo. Estudos apontam que 70% das pessoas em reabilitação abandonam os programas de reabilitação antes de completá-los, seja pela falta de suporte contínuo, pelo peso da dependência ou pelas cicatrizes emocionais deixadas pelo abandono social. O desafio, portanto, não está apenas em salvar vidas, mas em garantir que o apoio seja constante e eficaz para transformar a recuperação em uma trajetória sustentável.
Conheça a história de Luiz Antonio:
Entrevista com Luiz Antonio Pereira.
(Entrevista realizada na Cristolândia-Bahia pela equipe do "Vamos Descobrir?")
Os números que ilustram a realidade
O ciclo da dependência química nas ruas de Salvador se revela não apenas nas histórias individuais, mas também nos números que ilustram essa realidade. Como mostra o gráfico a seguir: